Fitness Journey | Beauty Beyond Size

Se há tema que está em boom é a conversa da body acceptance, o plus size, o body shamming. Deixámos de usar o tamanho 40 da Marilyn Monroe (que já foi debunked várias vezes que era tinha uma estatura magra, os tamanhos eram diferentes na altura) para dar representatividade às mulheres com estaturas mais largas para ter exemplos mais curvy como a Iskra Lawrence ou a Ashley Graham. 

Esta parece a altura ideal para alguém como eu, que sempre teve excesso de peso e dificuldades em perdê-lo, ter o seu momento ao sol. Mas não é isso que eu quero. 

Como todas as mulheres tenho dias bons e maus com o meu aspecto. Às vezes é o cabelo que me irrita, outras o nariz grande mas a maioria das vezes é o meu corpo que está nessa corda bamba. 

Pode parecer estranho mas meu peso pouco me incomodou na adolescência. Comecei a engordar após me menstruar mas isso nunca influenciou a minha energia e vontade de fazer actividades. Fui escuteira, joguei vólei e nunca me opus a qualquer tipo de actividade física - talvez seja por isso que nunca associei o excesso de peso a qualquer constrangimento social. Nunca achei que os rapazes não gostavam de mim por ser gorda (e se isso aconteceu, nunca sequer me passou pela cabeça) portanto não vou dizer que me abalou totalmente a confiança.
Se gostava que o paspalho da praxe me chamasse gorda? Não, mas nunca foi o meu maior drama. Mesmo que me incomodasse, simplesmente nunca deixei que o meu peso me definisse. Considero-me inteligente, divertida, bonita, esforçada e, o que creio que mais importa neste tema, positiva. Porquê prender-me ao negativo quando há um leque de coisas boas onde me posso focar?

Então, se isso nunca foi um grande issue para mim, porque insistir tanto em querer perder peso?

Bem, em primeiro lugar, a minha saúde. Até há dois anos sempre fui totalmente saudável, apesar do meu peso. Em 2015 fiz exames e deram que tinha algum colesterol (nada de grave mas foi o suficiente para me dar o click) e pensei que era a altura certa para ficar saudável e ter o corpo que sempre sonhei. Não apenas magra mas realmente fit. 

Não precisamos de nos sentir mal connosco mesmos para querer mudar. Não tem de ser por motivos de auto-estima, bullying, "vingar-nos" de alguém (a little shade para a Khole Kardash) ou por algo que nos deixa em baixo. Às vezes apenas queremos chegar à melhor versão de nós mesmos e se isso nos fizer gostar ainda mais de nós, mal não pode fazer! 

O melhor de estar no ginásio, pessoalmente, é a sensação que estou a fazer algo por mim (ainda que às vezes venha a frustração de isso não aparecer na balança) e isso sobe a astral mais que finalmente caber no 34. Caber no 34 é uma felicidade momentânea, sabermos que estamos a melhorar-nos é uma felicidade que dura todo o processo que nos leva a esse fim.

Cada um tem os seus dramas, as suas inseguranças e há que respeitar que todos somos mais sensíveis a umas coisas que outras. Por exemplo, eu preferia ter umas ancas e um peito mais pequenos mas a minha estatura é esta, não vale a pena envenenar-me com negativismo. São atributos meus e, se posso, vou torná-los mais apelativos ao fazer 60 agachamentos por dia. Já que tenho um rabo grande, que seja redondinho!

Procurar sermos a melhor versão de nós mesmos não significa que não nos amamos ou aceitamos como somos, apenas estamos sempre à procura de progredir e é aqui onde me insiro. Estou bem, apenas quero mais.

Penso que precisamos de mudar a perspectiva na forma como nos olhamos. Se algo nos incomoda, é preciso vê-lo como algo nosso que podemos melhorar, não como uma derrota. É preciso força de vontade? Sim. Motivação? Claro, não cai do céu! Precisamos de ser mais gentis com o nosso corpo e com os outros. Há sempre quem esteja na mesma luta de aceitação - seja gorda, magra, fit, curvy, etc -, projectar a nossa negatividade nos outros não ajuda, literalmente, ninguém.

PS. Apesar de nunca ter ficado verdadeiramente deprimida com o meu aspecto, devo admitir que entre 2011 e 2013, sobretudo devido ao tumblr e às imagens das modelos da Victoria's Secret, andava mais descontente porque me comparava a quem não devia. É preciso manter alguns distanciamento do que consumimos nas redes sociais para manter a nossa sanidade mental e física. Não se comparem a ninguém, é o pior que podem fazer. 

Este texto veio no âmbito do projecto Beauty Beyond Size, iniciado pela Ashley Graham, que a Sónia, do She Writes, trouxe para a blogosfera portuguesa. Saibam mais sobre o tema aqui.

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